Linda manhã de Novembro, O sol brilhava na relva orvalhada, Tela real, que não lembro, A Garça Real deambulava. Por entre as laranjeiras do Prado, Procurava o majestoso manjar, Um sapo foi consagrado, Para o desejo concretizar. Mais abaixo, desceu ao rio, Era o seu dia de sorte, Um peixe foi desafio, Já não importava o seu porte. Passeando nas margens do rio, Parou debaixo do amieiro dourado, A sua família do ninho emergiu, A mãe trouxe o manjar desejado. No (...)
Vivo num paraíso, não tenho dono, É Novembro, estou florido, Todo eu Sou um espinho medonho, Quem me tocar, ficará dorido. De amarelo me vesti, Sou destaque no pinhal, Ninguém se chega aqui, Sou "picudo", mas não faço mal. Pertenço ao mundo verde esquecido, Aquele que alguém pretende extinguir, Quando chegar o verão fico impedrenido, Pronto, p'ro braseiro consumir. Sou o Tojo Amarelo Malaquias, Orgulho-me de ser quem sou, As abelhas visitam-me (...)
Quanto tempo já vivido, Quantas vidas haverá em mim, Quantas vezes temido, O caminho escolhido sem fim. Existe no brilho das águas, Do Mar de Outono à tardinha, Uma calma, sem mágoas, O voo de partida, da andorinha. Caminhando na areia, Sinto o cheiro da maresia, Cada passo, uma ideia, Uma rima, uma luz, ou talvez ousadia. A alegria, é o prazer de viver, Sem as amarras da escuridão, Num Pôr-do-Sol ao entardecer, Quantas rimas mais virão? Maria Neves
A janela abriu-se pela manhã, As aves ecoavam o seu canto matinal, No ar o cheiro a hortelã, O sol exibia um brilho Real. Sentia algo estranho, atento, Tomava conta do lado sombrio, Que se perdia no pensamento, De quem não pisa o vazio . Asa de vento, musa do ar, Deixa cair o que sempre sonhei, Um futuro distante, alguém para amar, Prometo que em ti eu acreditarei. A rosa amarela, única naquele verão, Surgia da terra ressequida pelo calor, Nela escrevi o refrão, Pa (...)
Havia Um Cantinho Na Beira Era um cantinho pequeno, Em frente, a lareira crepitava, Onde ouvi os segredos do vento, Que no pensamento brotava. Noite dentro, madrugada, O sono pertencia ao cansaço, O silêncio da terra brotava, E a chuva caía a compasso. Ouvia-se a coruja cantar, Tão longe do amanhecer, Nem tampouco havia luar, O breu da noite, tomou o poder. Na luz do amanhecer, O vento e a chuva viajaram, Detrás da serra o Sol nasceu, As sombras das nuvens dançavam. (...)
Renascer O café da tarde cheira tão bem, O mar tornou-se mais azul, Desta paisagem me tornei refém, Viajo com o olhar em direção ao sul. Um pássaro vermelho poisa na porta, O piar triste do entardecer, Trará o que o sonho comporta, Existe sempre um amanhecer. Olhando o horizonte dourado, As rosas brancas desabrocharam, No meu jardim ao vento resignado, Com o Sol de Maio despertaram . Momentos de glória vividos, Vislumbram- se na luz no horizonte, Que Ilumina (...)
Da ponte vejo o rio, Serpenteando a terra, Respeitando a margem, Que o seu leito fizera. Janeiro frio e chuvoso, O rio corre empossado, Pelo seu passado impiedoso, Não se revela fracassado. Ramos secos tocam a água, Despidos pela furia do vento, Para eles não ha força, nem mágua, Que lhes suprima esperança no tempo. Águas escuras correm do monte, Pássaros estranhos cantam seu hino, Debaixo de chuva aprecio da ponte, Um postal natural, e beleza divino. A vida é, como o (...)
Uma melodia se eleva, Uma nota deixada pelo vento, Subtrai o silêncio da treva, Que arrastou o peso do tempo. Folhas vermelhas cobrem o chão, Os pássaros migram da temporada, Os montes cercam solidão, Que se instalou delicada. Nuvens brancas ao entardecer, O sol brilha, alheio ao temporal, Um dia lindo para reviver, Cantou o pássaro no beiral. Viajando ao anoitecer, Tantos quilómetros de estrada, Tanto ainda, para viver, É tão amável a madrugada. Maria Neves
Caminhei pela noite fria, Por entre os sons do arvoredo, Tive as estrelas como guia, Nunca deixei de seguir o segredo. Nuvens dispersas, o luar, Pelo cantar da coruja me enfeiticei, Travei lutas com as trevas, eu sei, Mas depressa a Luz encontrei. A madrugada vermelha se anunciou, Cansada, no chão me deitei, O Sol de Outono voltou, No perfume da madrugada acordei. Folhas vermelhas dançavam ao vento, Um momento crente e acolhedor, Do orvalho bebi o alento, Que o Universo advertiu (...)