Sopros de Alento
Maria Neves
Sem ver o mar,
Sem sentir na falésia o rugir do vento,
Sem sentido para caminhar,
Um "suplício" que ainda hoje não entendo.
Foi algum tempo de clausura,
Ninguém poderá entender,
Numa completa amargura,
Do nascer do dia, ao anoitecer.
Invadida de angústias, e do que a medicina estabeleceu,
Não, não pode ser,
O que nunca imaginei aconteceu,
Uma atrás da outra, fazer-me-há crescer.
Um sopro de vida acontece,
Quando a rua te parece outro país ,
Quando te aproximas da maré doce,
E o mar te diz, segue, não perdeste a raiz!
Uma música vinda do Norte,
Da-te força para descobrir,
Que a tristeza é passatempo do desnorte,
E que sempre levaste a vida a sorrir.
Hoje o sol brilha a quem abre o peito,
O mar está azul e não há vento,
Não existe medo, mas auto-respeito,
De quem percorre o caminho atento.
Maria Neves