Horizontes De Espuma
Maria Neves
Avisto o rochedo, no mar inquieto,
Repouso o olhar, ao longo da ponte,
Esperança cativa, neste mundo manieto,
Talvez as respostas no horizonte.
Sente-se o cheiro da primavera no ar,
Voltam os pássaros que seguem a rota,
Olhando para cima, não vejo um altar,
No oceano, nem barco nem frota.
Olhando em frente do nada,
Ouve-se uma voz que não fala, proclama,
A sua mentira sublimemente ensaiada,
Num tom moribundo que já não inflama.
Olhando de cima, piso este chão,
A pedra branca, que desafia,
O duro caminho em busca de pão,
Onde o logro e o ócio não tem ousadia.
Maria Neves