A Viragem
Maria Neves
Estávamos no início da Pandemia,
Dei por mim, frente ao mar a pensar,
No meio daquela ventania,
Novo trilho desejava alcançar.
Horas sem fim, numa rocha sentada,
Sobre o horizonte chorei, e esperei,
Uma saída para a dor que lancinava.
Na música que ouvia encontrei.
O som da guitarra parecia um guia,
O poema rimava na perfeição,
De sueco pouco entendia,
Mas trouxe alguma paz a um coração.
Já tinha deixado um pouco de mim,
As circunstâncias não permitiam voltar,
A Viragem não poderia ser tão ruim,
E a música que ouvia, começava a tocar.
Os salpicos das ondas molhavam o rosto,
Cansado, com um sorriso molhado,
A Viragem era detrás do sol posto,
E eu, parecia um barco encalhado.
Meditando naquele som,
Encontrei algo para uma Viragem,
Não esquecerei, o quanto foi bom, Permitir-me fazer tão longa viagem.
Por entre palavras soltas no ar,
Encontrei o sentido na Poesia,
Salgada de lágrimas e mar,
Mergulhada em ondas de magia.
Maria Neves
Fotografias: Óscar Ferreira