“Fui ao Inferno”
Maria Neves
Passara metade do dia, ensolarado e quente, após um curto tempo de férias, tão desejado, e que até àquele momento, parecia tirado de um conto de fadas.
Num contexto difícil de explicar, um passo em circunstâncias pouco seguras, e um grito.
"Fui ao inferno". Um dia um doente abordou- me, e utilizou esta frase. Na verdade confesso, foi como quem sente que não vai suportar, e vomita a própria dor.
Respira... pensei com calma.
Coloca gelo.
Foi um entorse?!
Repouso e um analgésico. Avalia!!! Mas um par de horas passou e não, nada. A evidência estava lá, mas eu recusava-me a vê-la. Tantos anos de enfermagem numa Urgência!..
Estou a ser negligente, nunca faria isto com alguém, vou pedir ajuda.
O chão, correu debaixo dos meus pés, a fala faltou, quando ouvi:
Tem duas fraturas no seu pé Direito.
Fiquei como que anestesiada, não pela dor, a este momento, mas pela "Incerteza" , pelo meu futuro.
Recebi o tratamento certo, e com os profissionais mais incríveis.
Não é fácil o repouso forçado! O risco de complicações. Mas prefiro não pensar, e cumprir o correcto.
Sempre grata a quem me assistiu, acompanhou e me acompanha.
Há momentos !...
Maria Neves