O Canto dos pássaros no Mosteiro
Maria Neves
Alentejo
Nos meus tempos de criança,
Ouvia o meu avô, dizer então,
Alentejo, além-Tejo,
Terra de sol quente, e de pão.
Quem não tinha sustento,
Quem pão na mesa não tinha,
Debaixo do sol em brasa,
Era para o Alentejo que vinha.
Apanhavam o trigo para o pão,
Traziam o dinheiro da jornada,
Com muito suor e esforço,
Tinham a família governada.
Mas o homem não vive só do pão,
Na verdade o tempo mudou,
Precisa de força e alento,
E, ao Alentejo voltou.
Aqui neste lugar, que de verde se enche,
Não há gritos, não há nada que me perturbe a mente,
Só o canto dos pássaros no Mosteiro,
O temor pela vida, me desmente.
Maria Neves