O Rio
Maria Neves
Da ponte vejo o rio,
Serpenteando a terra,
Respeitando a margem,
Que o seu leito fizera.
Janeiro frio e chuvoso,
O rio corre empossado,
Pelo seu passado impiedoso,
Não se revela fracassado.
Ramos secos tocam a água,
Despidos pela furia do vento,
Para eles não ha força, nem mágua,
Que lhes suprima esperança no tempo.
Águas escuras correm do monte,
Pássaros estranhos cantam seu hino,
Debaixo de chuva aprecio da ponte,
Um postal natural, e beleza divino.
A vida é, como o rio que vagueia,
Pelo seu trajecto em direção ao mar,
Por cada choupo que passa busqueia,
Saber perder, saber ganhar, e o Inverno amar.
Maria Neves