O trovisco
Maria Neves
Procurei numa tarde de Outono,
Pela floresta e perto do mar,
Onde existisse vida sem dono,
Onde pudesse repousar o olhar.
Nos locais inóspitos descobri,
Plantas lindas selvagens,
Pela sua genuinidade escrevi,
Não serão apenas ervagens.
Passeando de manhã pela mata,
As folhas douradas iam caindo,
Acima o Trovisco verdejava,
E exalava um cheiro distinto.
Aprendi que era tóxico, não se poderia tocar,
Da mitologia à botânica a sua história empolgava,
O Deus Apolo nele viu a sua Deusa transformar,
Só o Trovisco saberá, o poder obscuro da sua lava.
É verdade o que me foi transmitido,
Pois a natureza nem tudo permite,
Mas aquela planta de cheiro esquisito,
Viverá linda e só, no seu eterno limite.
Maria Neves