É mesmo ao nascer do dia, Ainda o sol não apareceu, Dobra o cantar a Cotovia, Que um novo dia enobreceu. Canta, canta do alto do arbusto, Não tem medo do vento, Canta com alma até ao lusco-fusco, Com alegria vive no tempo. É ouvi-la bem de perto, Quando o seu canto entoa, Esta melodia deixa boquiaberto, Quem pela vida passa à toa. Este simples passarinho de poupa, Símbolo da alegria na natureza, Que de nós pede tão pouco, E canta com tanta clareza. A Cotovia... Maria Neves Foto (...)
Nesta árvore sustento o meu canto, Contemplo ao longe o azul do mar, Livre, solto o meu pranto, Feliz por este galho encontrar. O Inverno é duro e frio, Um Ser como eu pequenino, Ou canto ou assobio, Ou morro lento, triste e franzino. Ao amanhecer afino a minha voz, Sobre o penedo repouso o olhar, Chamo uma brisa que sopre veloz, Aqui eu canto para as ondas do mar. A Primavera tem mais encanto, Desejo construir o meu ninho, Nesta figueira sustento o meu canto, Na verdade sou Só, (...)
Grata a 2022 Ano que nunca será esquecido, Pelos amigos que conheci, Pelo que dei e recebi, Pelo que ensinei e aprendi. Pelas horas de imobilização, Sem asas para andar, Aprendi facilmente a lição, O quão difícil é, ser obrigado a parar. Que 2023 traga Paz, Saúde e responsabilidade, Que a Luz toque os corações, E a tristeza dê tréguas à Humanidade. Votos de Feliz 2023 Maria Neves
É uma chuva forte que cai, O vento sul canta na estrada, No oceano revolto a espuma se esvai, Ao encontro da noite idolatrada. E a chuva que continua caindo, Quebra o silêncio que a noite perpectua, A Luz da sala pelo chão decaindo, A escuridão dessimula. Um relâmpago surge de mansinho, Um trovão ao longe ecoa, A chuva continua caindo, E na noite, há uma gaivota que voa. E a chuva continua caindo....
Como poder ficar indiferente, Mesmo que o cansaço se imponha, Ao por do Sol no poente, Ao mar cálido na tarde risonha. Olho cada pequena onda, Beijar devagarinho o rochedo, Perto de mim faz a sua ronda, Parece que esconde um segredo. Segredos do mar, Segredos dos tempos, Procurando apenas amar, Nem que seja só uns momentos. Porque o sol está quente, Porque a chuva acontece, Porque o Outono desmente, O que se assemelha a uma prece. Maria Neves
Quantas ondas tem o mar, Quantos muros têm sentidos, Quanto tempo vai levar, Levantar ombros caidos. Quantos montes tem a serra, Quantos vales ficam ao fundo, Quantos desejos encerra, Cada mente no seu mundo. Quantas vidas quer o Ser, Quando não vive na sua, Quanto tempo precisa Ter, Para que a verdade possua. Quantas vidas temos em nós, Passadas cada momento, Nunca, nunca estaremos sós, Enquanto dura o pensamento. Maria Neves
Desço a avenida em direção ao rio, Avisto um lindo espelho de água, Um cisne negro arredio, Aqui não há tristeza, nem mágoa. Na tarde quente de Outubro, Uma brisa sopra devagarinho, Folhas doiradas caiem ao rubro, Sabe tão bem sentir este carinho. Junto ao rio, os ruídos da água ecoam, Caindo no seu ritmo semeiam paz, Gritos furtivos dos pássaros entoam, Chamando o mais alto de que são capaz . O Outono no seu mais pleno esplendor, Os sentidos incutem confiança, A (...)
Quanto a alma sustenta, O que os olhos não viram, Quando o desejo atormenta, Quantos sonhos partiram . Como um pôr do Sol de Setembro, Como uma viagem que não existiu, Como as folhas que caiem, lembro, Como um almejo que sumiu. Ao fundo, uma nuvem dourada, O fim de tarde acontece, Anéis dourados brilham no Mar, Sem me aperceber anoitece. Maria Neves
No silêncio da noite, Algures, a porta fechada, Aqui não há quem pernoite, Só as trevas, ocupam a estrada. O tempo velozmente passou, Perdi sonhos gigantes, Desde que o último passo me levou, Aonde fiquei, apenas instantes. A rota da vida segue o sentido da Luz, Para onde foi a minha treva? No meu trajecto, a sombra reluz, Ao entardecer, no bosque na serra. Penso no que o tempo criou, Nasceram riachos de água pura, Amanhã, Eu serei quem Sou. No sitio, onde a existência (...)