Onde? Onde em Agosto vi o eclipse lunar, Onde cheirava a terra molhada, Onde havia música no ar, Onde se abraçava a enxada. Onde se respirava calma, Onde o riso era uma constante, Onde existia espaço para a alma, Onde tudo acabou num instante. Onde? Onde se alicerçou a arrogância, Onde o Outro não foi respeitado, Onde venceu a intolerância, Onde o dinheiro foi mais valorizado. Onde é escuro em noite de luar, Onde, a esperança e a fé partiram, Onde, não se sai do (...)
Um bocado de terra, Uma grande casa, a lua cheia, Fica lá p'ra trás da serra, Onde a aranha, teceu a sua teia. Tempos cruéis afastaram, O que ainda ninguém entendeu, O que todos comentaram, Mais um dia, e não apareceu. A saudade é cruel, O canto da coruja me chama, O meu tempo teve sabor a fel, Nunca ninguém, perceberá a trama. Carregar dia-a-dia sobre os ombros, As escarpas cavadas do medo, É como vaguear pelos escombros, E não poder revelar o segredo. O mundo está (...)
Bom dia Lisboa, dizia eu, há uns dias atrás, na varanda de um hotel na Avenida da Liberdade, em Lisboa. Sim, desde criança que sonhava ter o previlegio de conhecer a Capital, passo a passo, monumento a monumento, ruas e ruelas, e os meus olhos poderem ver as paisagens que via nos livros, e que de verdade são de cortar a respiração. Os locais históricos, que o meu pai tanto falava e ensinava. As aventuras dos nossos antepassados, a nossa História. De alguns tempos para (...)
Olhando o céu ao crepúsculo, solto um grito, Uma árvore despida na minha direção, Mostra o quanto o nosso Ser é finito, Esperando uma luz na escuridão. As luzes de natal já começam a brilhar, O frio, a humidade e um grão de vida, Faz-se reconhecer em cada olhar, Será uma luz na escuridão, atrevida. A ausência tortura, e não apela à razão, A dor que se sente em não poder tocar, Procura-se uma luz na escuridão, Para algum conforto encontrar. Por cada dia de vida vivida, Sen (...)
Ser e Reconhecer Erguendo-me da janela da sala, Via ao fundo do caminho, Uma curva fechada, Um moinho submerso pelo tempo, Uma ponte, e a nova autoestrada. Ser e reconhecer Tinha uma viagem para seguir, Uma carreira sonhada, Saberes, para laborar, E, não tinha porquê me queixar. Ser e reconhecer Entre a saudade de partir, E vontade em chegar, Teria uma hora para dormir, Antes de ir trabalhar. Ser e reconhecer Depois da despedida, já de saída, O octagenario de tristeza (...)