Avisto o rochedo, no mar inquieto, Repouso o olhar, ao longo da ponte, Esperança cativa, neste mundo manieto, Talvez as respostas no horizonte. Sente-se o cheiro da primavera no ar, Voltam os pássaros que seguem a rota, Olhando para cima, não vejo um altar, No oceano, nem barco nem frota. Olhando em frente do nada, Ouve-se uma voz que não fala, proclama, A sua mentira sublimemente ensaiada, Num tom moribundo que já não inflama. Olhando de cima, piso este chão, A pedra branca, (...)
Uma essência perdida, No momento apagou, Uma esperança antiga, E o mundo mudou. Uma razão imatura, Um desejo premente, Numa ilusão que perdura, Numa verdade cadente. Através de um olhar, Sem se ouvir uma voz, Alguém deixou o seu lugar, Numa corrida veloz. Através de palavras soltas, Se perdeu o sentido, De promessas envoltas, De um manto despido. Maria Neves
Onde? Onde em Agosto vi o eclipse lunar, Onde cheirava a terra molhada, Onde havia música no ar, Onde se abraçava a enxada. Onde se respirava calma, Onde o riso era uma constante, Onde existia espaço para a alma, Onde tudo acabou num instante. Onde? Onde se alicerçou a arrogância, Onde o Outro não foi respeitado, Onde venceu a intolerância, Onde o dinheiro foi mais valorizado. Onde é escuro em noite de luar, Onde, a esperança e a fé partiram, Onde, não se sai do (...)