Oceano Azul Algures eu procurei, Quando tudo era incerto, Quando longe encontrei, O que sonhara por perto. Lembro os ventos da serra, Lembro noites junto ao mar, Lembro um cheiro de terra, Sentido num simples olhar. Uma vida cheia de vida, Uma música vinda do Norte, Numa praia esquecida, Onde a onda mostra o seu porte. Lembranças de um lugar, De uma brisa vinda do sul, No fundo do teu olhar, Existe um Oceano Azul. Maria Neves
É uma chuva forte que cai, O vento sul canta na estrada, No oceano revolto a espuma se esvai, Ao encontro da noite idolatrada. E a chuva que continua caindo, Quebra o silêncio que a noite perpectua, A Luz da sala pelo chão decaindo, A escuridão dessimula. Um relâmpago surge de mansinho, Um trovão ao longe ecoa, A chuva continua caindo, E na noite, há uma gaivota que voa. E a chuva continua caindo....
Quanto a alma sustenta, O que os olhos não viram, Quando o desejo atormenta, Quantos sonhos partiram . Como um pôr do Sol de Setembro, Como uma viagem que não existiu, Como as folhas que caiem, lembro, Como um almejo que sumiu. Ao fundo, uma nuvem dourada, O fim de tarde acontece, Anéis dourados brilham no Mar, Sem me aperceber anoitece. Maria Neves
O apelo da guitarra chamava, Cada nota naquela noite tinha sentido, O Poema a minha vida retratava, Tinha-me encontrado comigo. O pensamento tem sempre raiz, Que em profundo chão germinou, Cada frase cresce na matriz, De quem em vão por alguém, um dia clamou. Enquanto escrevo estas palavras, Reflito num passado recente, Como o som da guitarra estremece, Pensando neste mundo demente. Haverá tanto para agradecer, Tanto quanto, o viver nos chamou, Tal como acontece com a noite escura, Que uma manhã de sol derrubou.
A Mentira corroi, A Guerra destrói, A Falsidade vive nas trevas. E a Sabedoria? Sob a Luz e Coerência, no Tempo se constrói. Ao contrario de tudo, a liberdade pelo Saber, não doi. Só necessita do Verdadeiro Ser. Sem grevas. Maria Neves
Sopro A existência será um sopro? Uma ponte, uma viragem, Uma trégua, e de tudo um pouco, No percurso, no destino da viagem. Quando o Ser humano É ambição, Vive no mundo do desnorte, O Outro é só mais Um, Ficará entregue à sua " Sorte". Enquanto o mundo assiste, E ninguém sabe muito bem o que fazer, E a vida é um sopro, para quem desiste, O Outro sofre, sem poder escolher. Maria Neves
Estávamos no início da Pandemia, Dei por mim, frente ao mar a pensar, No meio daquela ventania, Novo trilho desejava alcançar. Horas sem fim, numa rocha sentada, Sobre o horizonte chorei, e esperei, Uma saída para a dor que lancinava. Na música que ouvia encontrei. O som da guitarra parecia um guia, O poema rimava na perfeição, De sueco pouco entendia, Mas trouxe alguma paz a um coração. Já tinha deixado um pouco de mim, As circunstâncias não permitiam voltar, A Viragem (...)