O ruído do vento que sopra da serra, O ranger da porta que se fechou, O grito da esperança que sai da terra, O que o tempo não levou. Sigo na direção dos meus sentidos, Que há muito tempo deixei, Onde sonhos foram vividos, Onde com a coruja, à noite cantei. Sigo por pontes de pau, Debaixo, uma torrente de lama, Mas o caminho não será tão mau, Quando algo muito bom me chama. Não esqueço o Dezembro frio, O calor da lareira, a oração, O autor do livro, o trovão, e o rio, (...)
O azul das águas relembra, Com a clareza dos tempos, Tudo o que não temos certeza, Volta na mudança dos ventos. Nos rochedos da ilha me sentei, Troquei sonhos por palavras soltas, O horizonte longínquo avistei, Acariciando ondas revoltas. As gaivotas planavam na noite escura, Deixavam no espaço seus ais, Ali a natureza, nada descura, O mundo mora no cais. Na ilha ... Maria Neves Fotografias: Susana Neves e Joana Lourenço
Oceano Azul Algures eu procurei, Quando tudo era incerto, Quando longe encontrei, O que sonhara por perto. Lembro os ventos da serra, Lembro noites junto ao mar, Lembro um cheiro de terra, Sentido num simples olhar. Uma vida cheia de vida, Uma música vinda do Norte, Numa praia esquecida, Onde a onda mostra o seu porte. Lembranças de um lugar, De uma brisa vinda do sul, No fundo do teu olhar, Existe um Oceano Azul. Maria Neves
Nesta árvore sustento o meu canto, Contemplo ao longe o azul do mar, Livre, solto o meu pranto, Feliz por este galho encontrar. O Inverno é duro e frio, Um Ser como eu pequenino, Ou canto ou assobio, Ou morro lento, triste e franzino. Ao amanhecer afino a minha voz, Sobre o penedo repouso o olhar, Chamo uma brisa que sopre veloz, Aqui eu canto para as ondas do mar. A Primavera tem mais encanto, Desejo construir o meu ninho, Nesta figueira sustento o meu canto, Na verdade sou Só, (...)
Há quem more suspenso, Por aí, em algum lugar, Onde o pensamento é intenso, E onde o tempo, deixou de passar. Olhando o mar que se agita, Numa tarde chuvosa e fria, Haverá uma alma que grita, Por algo, que se tornou no seu guia. A vida não pode esperar, Foi da terra, foi do fogo, e do mar, Foi do curto tempo, foi do eterno, De onde se foge passar. Na tempestade aprendeu, A controlar o seu leme, Na adversidade respondeu, Quem vive pelo Outro, não teme. Maria Neves
No dia 3 de Dezembro de 2022, a comunidade blogger do Sapo publicou o seu segundo livro de Contos de Natal, evento realizado na Biblioteca Municipal da Ericeira - Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, com um acolhimento fantástico, e num edifício lindo. Agradeço a esta comunidade por me ter acolhido e valorizado. Agradeço á Isabel (...)
Quanto a alma sustenta, O que os olhos não viram, Quando o desejo atormenta, Quantos sonhos partiram . Como um pôr do Sol de Setembro, Como uma viagem que não existiu, Como as folhas que caiem, lembro, Como um almejo que sumiu. Ao fundo, uma nuvem dourada, O fim de tarde acontece, Anéis dourados brilham no Mar, Sem me aperceber anoitece. Maria Neves
No silêncio da noite, Algures, a porta fechada, Aqui não há quem pernoite, Só as trevas, ocupam a estrada. O tempo velozmente passou, Perdi sonhos gigantes, Desde que o último passo me levou, Aonde fiquei, apenas instantes. A rota da vida segue o sentido da Luz, Para onde foi a minha treva? No meu trajecto, a sombra reluz, Ao entardecer, no bosque na serra. Penso no que o tempo criou, Nasceram riachos de água pura, Amanhã, Eu serei quem Sou. No sitio, onde a existência (...)